quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Um espaço

Estou no momento em um cômodo que- não é nem dizer apenas que nunca tinha ido, mas que, simplesmente- não sabia que existia.
Nós, pelas idas e vindas da vida conhecemos tantos lugares: Museus que foram palácios, grutas onde se garimpava ouro, planetários. Conhecemos os segredos de outros tempos de outras sociedades. Suas casas, com cada passagem secreta à mostra, os planetas, com cada mistério desvendado.
No entanto, desconhecemos muitas vezes os segredos de nossa própria morada. Estou pasmada de nunca ter me tocado da existência desse lugar. É como um sentimentozinho, uma paixãozinha que existe há tempos, já faz parte de você e, quando o descobre, fica surpreso de ter estado, por tanto tempo, em ignorância.
Daqui de onde estou, posso ver o horizonte, o céu, as nuvens se movimentando, o sol se pondo, o morro, sem teto, em pura liberdade! Como nunca havia percebido esse mundo novo, diferente, com os pássaros e as pipas tão perto?Estou acima de tudo e, acima de tudo, em liberdade. Sem celular, sozinha, curtindo a natureza e esse pedaço de chão que descobri, também meu, o telhado.
Como eu nunca soube?Tem uma casinha aqui! Tudo bem que é baixa e suja. Mas é grande! E a entrada é uma portinha, bem estilo filme de terror americano. Como será o nome disso? Sótão? O que sei é que meu desejo é morar aqui. Que me importa de ter de subir uma escada imensa para chegar? O que importa é que eu, que sempre gostei da casa, mas nunca tinha achado um lugar só meu, agora o encontrei.
Pessoas de casa de dois andares, olá. Vocês têm uma nova vizinha.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Mudar o mundo

Mudar o mundo. Sonho de uns, tolice para outros. Muitas foram as revoluções, guerras, contra uma idéia ou um governo. Algumas ideologias estão por aí até hoje, talvez, para lembrar que vale lutar pelo que se quer. Mas, o que se quer? Mudar o mundo? Nada é tão simples quanto um filme hollywoodiano. E não é apenas por ser difícil, pois isso, poderia levar tempo, mas algum dia seria concluído. Mas aí está o problema. Respostas se arranjam, basta fazer a pergunta certa.
Hoje está cult dizer que quer mudar o mundo. A contra- cultura é cult. Não ser alienado é cult. É muito bonito dizer “papai, eu quero mudar o mundo”. Mostra que não é qualquer um, que não tem cabeça vazia. Mas talvez seja só mais um, dizendo o que todos os outros dizem, assim, só por dizer. O caso aqui discutido não é o clássico “todos querem mas ninguém toma uma atitude”. “A acomodação deixou o jovem alienado. O impede de ver a realidade e tentar consertar as coisas”. Será mesmo?
O ser humano é nostálgico por natureza e, esse senso romântico de sentir/ pensar/ falar que “o mundo era melhor antigamente” é prova disso. Então, no tempo em que os escravos eram maltratados sem escolha, só para citar um exemplo, o mundo era ótimo. Essa é a questão. Era ótimo, pois, se dizia ótimo. Era ótimo, pois, o povo que sabia e podia escrever e divulgar suas opiniões e notícias não eram os escravos.
“A violência nunca esteve como hoje”. Eu duvido. Mas isso é uma opinião própria. Nos tempos de guerras, pestes, massacres, provavelmente morria muito mais gente. Porém nada disso era divulgado. Já a mídia sim, ela é muito mais ampla hoje em dia. E se os jornais, revistas e noticiários vendem muito mais expondo assassinatos e roubos, a escolha deles é simples: e vendem tragédias e não esperança.
Muitas coisas, portanto, dadas como exageradamente piores hoje, estão iguais. Apenas mais divulgadas. Os reis, rainhas e nobres, nos seus palácios de ouro são, talvez, tão corruptos quanto os de terno e gravata de Brasília. E cobram tantos impostos, da mesma população pobre, quanto os de hoje. Só mudaram de roupa.
A conclusão que muitos chegam é que o mundo não quer ser mudado. E eu poderia terminar o texto assim, todo cult, concluindo isso. Mas ainda teimo em dizer que o que se deve achar é a pergunta certa. E descobrir que mundo é esse que queremos mudar.
Parto do ponto que tudo é relativo. Para propagandas beneficentes, você pode mudar o mundo ajudando uma criança ou adotando um cachorro. Para um estudante, o símbolo de mudar o mundo pode ser um adesivo do Che Guevara colado na moto e, para um pesquisador, mudar o mundo pode ser o que a Revolução Francesa fez. O mundo muda constantemente, isso é fato. Senhores feudais não jogavam videogame.
Então, que mudar o mundo é esse que o mundo grita? Consertar todos os erros que vê pela frente? Como, se os mesmos que falam em mudar o mundo, por vezes, confessam que desistiram do próprio país, que nada tem mais jeito? Como mudar o mundo sem mudar o próprio país e, como mudar um país sem mudar a si próprio? É clichê, mas é real. Como assim “o Brasil não tem mais jeito”?. Então, já teve jeito? Que mania a nossa de nos fazermos de coitados, como se nossa sociedade e o nosso tempo fossem os piores já vistos. Sim, por nós.
Talvez Tiradentes vendo esse mundo cheio de aparente liberdade, onde se fala o que se pensa é, na verdade, perfeito. Ou talvez, você conclua que pensar cansa e só se é feliz quando não se reflete e escondem-se os problemas. Ou(tomara), não.
Somos todos uma metamorfose ambulante, assim como o mundo. Confesso que eu mesma comecei a escrever a crônica pensando em falar sobre como as escolas se contradizem ao dizer que tentam atiçar o “senso crítico do aluno”, ao mesmo tempo em que impõem verdades as quais se ele não mentalizar, não passa na prova. Enfim, eu ia escrever sobre como o mundo não quer ser mudado e, acabei com a idéia de que uma “II Revolução Francesa”, apesar de utópica, seja necessária.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Crônica de um vôo

[Peço licença para, neste blog de pensamento crítico, escrever uma crônica pessoal]

Quando eu estava lá,era tudo lindo.Era Natal e tudo estava belo,fazendo com que eu achasse o Aeroporto de Congonhas,em São Paulo,o mais bonito dos que já visitei.
O caos aéreo estava em seu clímax,mas eu não podia deixar de ir.Era a viagem dos meus sonhos.O medo era do vôo atrasar,ou pior,não decolar.Era um 23 de dezembro e o medo maior era de passar o Natal no aeroporto.
Como um presente,voamos para o aeroporto Salgado Filho,no Rio Grande do Sul,sem sermos vítimas do caos aéreo.Foi tudo maravilhoso e para a virada do ano fomos para o aeroporto de Florianópolis.Passado o evento,no Aeroporto de Navegantes,também em Santa Catarina,partimos para o aeroporto de Congonhas.
Como já disse,foi de todos o que mais gostei.Era o mais enfeitado,o mais amigável.E eu,que tenho uma leve tendência a gostar de aeroportos,marquei aquele como meu favorito.
Turista,tirava fotos de tudo,percebia cada detalhe.Detalhes que agora vejo pela tevê.Detalhes como o xadrez branco e laranja que nem sei para quê serve,as casas tão perto de onde passava o avião.Não me recordo,mas devo ter tirado foto do prédio da Tam também.Prédio que agora está destruído pela maior tragédia da aviação brasileira.
Dia 17 de Julho de 2007.Eu não estava com uma sensação nada boa mesmo..Quando vi as imagens da reportafem,nem sabia do que se tratava,mas cheguei a me emocionar.Não só eu,o Brasil.
Eu só vi pela tevê,mas foi como se eu fosse uma das famílias vizinhas do aeroporto de Congonhas,que não tinham perdido nada diretamente,mas também estavam transtornadas.Não me lembro de ter ficado tão abalada com um acidente.
A dor das famílias que não sabiam ainda se seus entes queridos estavam ou não dentro do avião foi dura de acompanhar.A chuva nesse dia eram lágrimas dos brasileiros.Depois do choque,só havia lágrimas e silêncio.
O vento passou rápido por aqui,como quem traz e leva notícias.

sábado, 2 de junho de 2007

A esperança de óculos*

Esperança.Última que morre?Vale a pena tê-la?Parece que a única coisa que todos concordam é que ela é verde.Alguns acham que esperar é se iludir,outros,que não vivemos sem essa tão falada esperança. Relacionando com um mito da Mitologia Grega:Prometeu(que significa Prevenido), um deus que foi expulso do Olimpo,resolveu no ápice do seu ócio,criar o Homem.Como castigo por ter dado o fogo(uma metáfora da Razão)a ele,Zeus resolveu criar uma armadilha:Criou a primeira Mulher,dotada de todas as virtudes e de nome Pandora.Mandou-a então a Prometeu,porém esse,prevendo ser uma armadilha não a quis.Seu irmão Epimeteu(significaria,Desprevenido)porém,sem pensar,aceitou Pandora mas em seguida viu algo que faria também parte do "kit":Uma caixa.A famosa Caixa de Pandora.Quando tal caixa foi aberta soltou ao mundo tudo de ruim:horror,guerra,morte,destruição,inveja. Provavelmente,estão todos pensando:o que isso tudo tem a ver com a crônica?Pois é.Sobrou algo na caixa que é considerado o legado do ser humano.E é por esse legado que muitas vezes mesmo com tanto horror,guerra,as pessoas não desistem.Isso mesmo: o que ficou dentro da caixa foi a Esperança. Esperar então seria mesmo necessário?Ou como alguns dizem,imprescindível?Esperança,sem desistência,até um dia conseguir.E se nunca conseguir,morrer esperando?É a razão para quê há a Esperança de Óculos*. A Esperança de Óculos seria a " esperança Prometeu",a esperança prevenida,com um pé atrás e não cega vivendo só de sonhos.É acreditar num objetivo,mas não esperar que ele caia do céu.É confiar,mas sem entregar-lhe os olhos. Então,seria a Esperança essencial?Num mundo de hoje,com o país que temos e onde incontáveis pessoas dizem a cara-dura que desistiram do Brasil,que não têm mais Esperança,ela acaba sendo necessária sim.A Esperança de Óculos veria as condições rais do país,nãoo achando que tudo iria mudar de um dia para o outro,mas veria também que não é só de violência e tragédias que vivem nosso país.Ela veria a parte boa também,a parte que a falta de visão(ou a televisão) não nos deixa ver. Os óculos da Esperança ajudariam a enxergar além daquilo que a mídia nos faz enxergar:um Brasilcompletamente sem rumo,tomado pela violência.A mídia e o mundo atual capitalista existem para fazer dinheiro.Isso já é claro.E também é claro que jornal mostrando jovens carentes que tiraram notas maiores que os filhinhos de papai na prova nçao ia vender.E a tv dizendo que alguém que estava à beira da falência conseguiu virar o jogo não ia dar audiência.Não ia gerar dinheiro.Mas ia gerar Esperança.Uma Esperança que enxerga a realidade.Mas vê que há uma luz no fim do túnel.Ou no fundo da Caixa.

*Termo tirado da música "Casa no campo"
Agradecimentos a Luiz Carlos,professor de História e contador de histórias

domingo, 15 de abril de 2007

Beijo com cheiro de frango?

O cheiro das pessoas é algo para se pensar.Ou melhor,sentir.Às vezes alguém mal-arrumado e estranho passa por você com um cheiro ótimo.Ou o contrário.Mas o que seria um cheiro bom?
Os gostos sobre cheiros variam tanto quanto os sobre música.Mas vejamos um exemplo:Feijão.Provavelmente não é isso que vem na mente quando se pensa em perfume ou algo do tipo.Feijão,no mínimo,lembra almoço de domingo,panela e fome.Mas não perfume,talco,quarto de bebê ou beijo na boca.Mas não é por isso que o cheiro de um feijão bem temperado deixa de ser bom.
Falar em um beijo com cheiro de ou gosto de frango faz
muita gente torcer o nariz.Mas talvez(usufruindo da Sociologia) isso seja apenas coisa da nossa sociedade.Para entender melhor,uma professora de Sociologia quando questionada,respondeu que coisas coo dúvidas e confusões na fase da adolescência é algo da nossa sociedade e os índios,por exemplo,não o têm (e a gente se ferrando aqui..).
Mas deixemos essa discussão para outra hora.O caso é que talvez outras sociedades acham que frango combina com beio,sexo ou amor assim como terceiras acham comer cachorro normal.
Um cheiro bom então,seria o agradável ao olfato.Cheiro de papel velho,gasolina,água do mar ou terra molhada são considerados agradáveis por certas pessoas.Mas nem por isso,no geral, gostariam de usar um perfume que as deixasse com cheiro de gasolina.
Talvez até o marketing tenha sua parcela de culpa nisso tudo.Afinal,quem inventou de fazer batons sabor morango ao invés de frango?